data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Pedro Piegas (Diário)
Mães, pais, irmãos, filhos, tios, avós, amigos. No Brasil, são mais de 360 mil vidas perdidas para a Covid. São pessoas que amaram e foram amadas e que fizeram a diferença na vida de alguém. A dor da perda de quem partiu dilacera o coração e abre um vazio no peito de quem fica. Para apaziguar a dor e a saudade, familiares de vítimas do coronavírus se apegaram a diferentes formas para seguir em frente, sem jamais esquecer. Em uma reportagem especial, o Diário vai além dos números de mortes e mostra como é a rotina de quem trabalha nas funerárias e a história de quem perdeu um familiar, além de falar sobre como é o luto em tempos pandêmicos.
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Há nove meses, a família de Leonardo Comoretto convive com a dor e o luto. No dia 27 de março, o jovem faria 15 anos. O tempo ainda não foi capaz de amenizar a dor de Elisandro Comoretto e Daniela de Fortini por perder o filho. Leonardo, que tinha imunodeficiência e doença pulmonar crônica, chegou a ficar internado na UTI do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo. No dia 18 de agosto de 2020, o gremista fanático não resistiu ao coronavírus. Naquele mesmo dia, foi sepultado, sem velório, no Cemitério Ecumênico.
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Hoje, as paredes do quarto de Léo, como carinhosamente era chamado pela família, já foram pintadas, e as roupas e os brinquedos doados.Um pequeno memorial foi montado na sala, com fotos, o urso preferido e alguns carrinhos da antiga coleção do adolescente. Outra lembrança constante são os cuidados com Kiara, uma cachorra da raça pastora maremano, xodó da casa. O pai e o irmão Gustavo eternizaram no braço o nome de Leonardo. A mãe, apegou-se na fé na tentativa de encontrar o conforto espiritual, e mantém tratamento psiquiátrico. O livro "Violetas na Janela" está sempre próximo e é lembrado por Daniela, afirma, como uma forma de encontrar aconchego, luz e um pouco menos de sofrimento, já que o romance espírita trata justamente sobre a morte e a continuidade da vida em outro plano.
A dor inevitavelmente, ainda arranca lágrimas dos pais e dos irmãos de Léo, Gustavo e Maria Luisa, mesmo que todos tentem buscar uma maneira de elaborar o luto. No trabalho ou quando alguma memória vem forte, Elisandro às vezes precisa parar:
- Por vezes, é uma música, uma lembrança. Olho para o lado e ele não está. Então, não tem como segurar. Perdi meu amigo, meu filho. O pai perder um filho não é certo, é uma dor muito grande. Eu tento ser forte para dar suporte, mas ainda é muito difícil.
Os últimos contatos da família com o menino foram no dia da internação no hospital e antes da transferência para a UTI. Somente um rápido acesso foi possível na hora do último adeus. Da UTI, o menino que sonhava em ser policial foi levado direto para o sepultamento. A família não pôde abraçá-lo ou lançar um último olhar.
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- Um pedaço de mim foi arrancado. Não ter ele em casa é uma dor terrível. Tento me apegar a fé e compreender que ele está em um lugar melhor. Mas a vida agora está mais triste - conta Daniela.